“O tempo do lobo solitário acabou. Reúnam-se!”

O curso do rio tem o seu destino, assim como a vida. Alguns aconselham ir para o meio, com a cabeça erguida, olhos abertos e muito atentos. Outros, dizem para olhar ao redor e ver quem está lá dentro com você e celebrar. Afinal, “o tempo do lobo solitário acabou. Reúnam-se”. A profecia sagrada dos Hopi Elders, nativos americanos da região do Arizona, oferece insights profundos sobre a formação da sociedade.

Baseadas no conhecimento antigo, dos guardiões das tradições e da sabedoria, a profecia ressalta a importância de reconhecer o outro, de viver em comunidade e em harmonia, muito diferente da visão de mundo da competição impiedosa, do individualismo radicalizado e da separação, ou da “guerra de todos contra todos”, como escreveu Thomas Hobbes no Leviatã.

As organizações estão compreendendo, cada vez mais, a importância do pensamento sistêmico, da rede e da valorização dos stakeholders. A mentalidade da separação, comum no ambiente político, não tem mais espaço na dinâmica empresarial. A interconexão no mundo da tecnologia e da inovação comprova que os avanços acontecem pela colaboração, coinovação e cocriação. Se, antes, era “tudo sobre números”, agora é “tudo sobre relacionamentos”.

A mentalidade abundante que abraça o desenvolvimento social e econômico através da colaboração e de relações simbióticas também é característica da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Canoas, formada por empresários cuja fibra, perspicácia, persistência e atuação conjunta fortalece a ossatura que suporta as sístoles e diástoles da política local, estadual e nacional.

Ao passar a presidência da CICS para Shirley Panizzi, André Guindani sintetizou esse valor inegociável ao afirma que “entidade de uma pessoa só não viceja”. Não viceja a entidade, nem os negócios e nem a cidade. A prosperidade é coletiva e exige o senso de comunidade e de pertencimento. É por isso que a CICS foca na formação de líderes conscientes de sua responsabilidade social, e desperta um sentido mais profundo de lugar e de propósito. A nossa voz é reverberada em conjunto e, em 84 anos de história, sabemos que nada se constrói sozinho. Abraçamos a tradição e a inovação, os grandes e os pequenos, os de longa data e os iniciantes, pois entendemos que é na diversidade que nos fortalecemos e crescemos.

E que possamos compreender e perpetuar essa sabedoria da natureza e dos antigos: “A vida não tomou conta do mundo através do combate, mas por redes” (Lynn Margulis, cientista americana).

Patrícia Augsten Jornalista, empreendedora e diretora na CICS Canoas